domingo, 17 de abril de 2011

Quim Barreiros em Malaca

Porta de "A Famosa"
Malaca (Melaka, em malaio) tem um grande significado histórico para os portugueses; porque fomos os primeiros ocidentais a aí chegar (D. Afonso de Albuquerque, 1511), antes dos Holandeses e Ingleses que se seguiram, e ainda existem vestígios dessa nossa presença, bem como uma pequena comunidade de descendentes portugueses que habita uma pequena area da cidade chamada de Kampong Portugis (distrito português) que fala um português arcaico aqui conhecido como Cristão.
Partimos de KL de manhã decididos a chegar cedo e seguimos directos para a estação de autocarros de Pururaya. Não é aqui, disseram-nos, têm que apanhar o bus que sai de TBS. Lá se foram as boas intenções e o chegar cedo!
Mais uma viagem no KTM, o metro de KL e chegámos por fim ao novissímo terminal de autocarros de TBS que mais parece um aeroporto, com ecrans de partidas e centro comercial incluído onde as partidas são feitas com check in com direito a leitura dos bilhetes por scanner e tudo!
Escusado será dizer que, tal como em todos os transportes públicos da complexa e funcional rede de transportes públicos de KL (monorail, LRT, KTM, etc) fazia um frio de rachar dentro da estação devido ao potente ar condicionado!
Dentro do autocarro nao era excepção mas para nossa agradável surpresa (confesso que esperávamos algo de bastante velho e poluente) encontrámos um moderno autocarro, com cadeiras de fazer inveja à classe executiva de um qualquer avião da Air Emirates.
Assim que nos sentámos caimos num sono profundo até meio da viagem de 2 horas.
À chegada o filme do costume: Onde apanhamos o autocarro para o centro, por favor? Já não há, terminou agora às 17h - respondeu um malaio apontando para os taxis. Claro que os taxis nos levam RM20 (20 malasian ringgits; €1=RM4,3) ao invés de RM1 que custa o autocarro!
Já desconfiados fomos perguntando a outras pessoas e finalmente na bilheteira central indicaram-nos o sítio certo, onde o dito estava estacionado.
Vinte minutos e uma conversa com um inglês que se radicou em Melaka após uma estada de 5 anos em Goa e eis-nos chegádos ao centro de Melaka.
A primeira impressão é boa: os prédios, de um vermelho ocre parecido com a cor da ponte sobre o tejo (a antiga, bem entendido) fazem lembrar um pouco da construção portuguesa colonial. Mudaram de cor pela mão dos ingleses, ao que parece para poupar na manutenção, evitando assim que se notassem as paredes brancas constantemente salpicadas da terra barrenta daquela cor após as chuvas.
Temos sorte, é domingo e o mercado de rua que funciona aos fins de semana em chinatown está ao rubro! É para lá que seguimos, pois o hostal que os nossos recém conhecidos Romana e Emanuele nos recomendaram fica mesmo na outra ponta rua.
Atravessamos a rua com bancas de comida e venda de artefactos de ambos os lados e um corropio de gente pelo meio. Há música e muitos cheiros a comida no ar, gostamos disto!
No final da rua, para encerrar em grande, num palco gigante cheio luzes coloridas canta-se em karaoke para uma plateia bastante composta de chineses que observam atentamente.

Karaoke em Chinatown - Melaka
De rir também são os rickshaws locais, movidos à força de pedal por condutores que disputam entre si pela atenção dos turistas colocando auto-radios e colunas nos seus "veículos" decorados como um carro alegórico tocando músicas do Elton John e Celine Dion a alto e bom som!
Da presença portuguesa pouco encontrámos: resta a porta do antigo forte construido pelos portugueses e batizado de "A Famosa" por D. Afonso de Albuquerque, a igreja de S. Paulo (inicialmente uma pequena capela mandada erigir por um capitão de mar português), uma réplica de uma nau e o distrito português que fica um pouco afastado do centro e visitámos de bicicleta.
Esperávamos encontrar uma verdadeira comunidade portuguesa mas ao invés encontrámos algumas ruas com nomes vagamente portugueses (Texeira, etc...) e um Lisbon restaurant com nada na ementa reconhecível da nossa gastronomia! Mas, ao verem que eramos portugueses, as pessoas que aí trabalhavam (embora não falassem uma palavra da nossa língua) apressaram-se a colocar uma música bem portuguesa: nada menos que o Quim Barreiros, esse grande sr. da música pimba!
A única pessoa com quem conseguimos trocar algumas palavras de português foi com o muito simpático sr. Edgar, que nos fez uma visita guiada à casa da tradição portuguesa.

Com o Sr.Edgar no Museu Português.
Malaca é também a cidade dos centros comerciais e dos museus. Há-os para todos os gostos, desde o museu da juventude ao museu da beleza intemporal, ao museu do selo, do mar, e por aí fora. Qualquer que seja o tema, existe um museu em Malaca sobre o assunto.
Mas no geral não nos arrependemos da visita, gostámos do centro bem arranjado, dos prédios cor de tijolo, do rio que atravessa a cidade e a divide e das pequenas pontes que unem as duas margens, da pequena chinatown e do seu mercado noturno, do hostal Jalan Jalan e do seu simpático dono Sam.

Melaka by night

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