quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Autocarros e maçarocas

Nas nossas deslocações por terras asiáticas temos experimentado desde o autocarro mais confortável e espaçoso que já vimos, ao desconforto de viajar em beliches na traseira de um autocarro a saltar a cada 100m de uma estrada com mais buracos que alcatrão. Temos visto coisas incríveis e já não nos espanta que dentro de uma Toyota Hiace caibam 20 pessoas mais bagagem e ainda haja lugar para levar uma motorizada amarrada na traseira, ou motas a levar 4 e 5 pessoas ou alguém a transportar um frigorífico na sua motoreta e autocarros com Karaoke a passar nos ecrãs é o pão-nosso-de-cada-dia, mas o que a seguir se relata é história da nossa viagem mais surreal até à data!
Imaginem o autocarro mais podre de velho em que já andaram... Agora multipliquem por 10. Já está? Boa! Agora adicionem 50 pessoas, camponeses a maior parte, alguns monges daqueles enrolados em panos cor-de-laranja, sacas de maçarocas e outros legumes (sim, daquelas enormes) por todo o corredor até à altura dos cotovelos. Fácil? Ok, agora juntem 1 par de colunas da aparelhagem lá de casa a debitar música num misto de musica dos andes (pan pipes 53) e de pimba português. Ventoinhas no tecto, janelas e portas abertas... Tudo leva o seu farnel e daqui a pouco todo o autocarro vai cheirar a feira popular!
Falta só dizer que os lugares estão todos ocupados e há gente por todo o lado inclusive no corredor sentados (e deitados) por cima das sacas e, porque fomos dos últimos a entrar e o autocarro já vinha cheio, adivinhem que lugares é que nos calham?
Pois é, mas a alternativa era ficar mais umas boas horas na estação de autocarros à espera do próximo, e decidimos ir andando! Afinal o dia já estava mesmo reservado para viagens e já levávamos umas horas em qualquer coisa como 2 Songthaew e 1 autocarro desde o fim da visita à famosa gruta!
Estávamos nessa altura a viajar com a Sofia, da Argentina e o Chintan, originário da Índia e a viver e trabalhar nos EUA.
No final das contas ainda se arranjou lugar sentado para as meninas e os rapazes aconchegaram-se o melhor que puderam em cima das sacas e "Ála que se faz tarde!"
O que vale é que eram só 14 horas de viagem! A esperança é a última a morrer: pode ser que vão saindo uns poucos mais tarde!
Mas parecia que por cada pessoa que saía, entravam mais duas...
Aqui ao que parece impera o velho lema do "Cabe sempre mais um!"
Felizmente que as montanhas já tinham ficado para trás senão iria acabar com tudo a empurrar na primeira subida... Ai ia ia!
Claro que o entusiasmo inicial se foi esbatendo à medida que as horas iam passando e as costas iam ficando marcadas pelas maçarocas que só abandonaram o autocarro pelas 3 a.m. quando parámos junto a um enorme mercado onde já muita gente e mercadoria esperava junto dos portões.

"Dêm-me um jeitinho, faz favor."

Galhofa geral!

O Shintan já com lugar sentado...

"Ainda cabe mais um!!!"

Será tudo para fazer pipocas?

As meninas não conseguiam parar de rir.

Palavras para quê?
Após uma espera de 3 horas parados (à espera do amanhecer?!?), retomámos a marcha em direcção às desejadas 4000 ilhas!

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