segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Khmer Rouge

Pol Pot.
Pol Pot vestia-se de preto e usava um lenço de xadrez vermelho e branco à volta do pescoço, como todos os elementos dos Khmer Rouge (Khmer Vermelhos).

O Cambodja era uma monarquia quando a Guerra do Vietname começou em 1955. Apesar de ser um país neutro, o Rei Sihanouk era acusado de ser pró-comunista porque "permitia" que os vietnamitas do Norte atacassem os do Sul utilizando os caminhos do Cambodja, naquele que ficou conhecido como o Ho Chi Min trail. Em 1970, enquanto o rei visitava a China, os EUA incitaram o primeiro-ministro Lon Nol e o príncipe a deporem o rei através de um golpe militar. Entre 1970-1975 o Cambodja foi liderado por Lon Nol. No entanto, com o fim da guerra do Vietname em 1975, os Khmer Rouge, liderados por Pol Pot e que estavam do lado dos vitoriosos comunistas vietnamitas, invadem Phnom Penh e tomam conta do poder.

Os bombardeamentos feitos pelos EUA dizimaram pessoas, animais e plantações de arroz, provocando um período de fome que atravessou o país no pós-guerra. Seria necessária uma ajuda externa para evitar a morte da população. Mas os Khmer Rouge acreditavam que as influências do ocidente e a formação de centros urbanos prejudicariam a evolução de um país. Aspiraram tornar o Cambodja no maior produtor de arroz através de uma reforma agrária, comunista e totalitária a nível nacional. Para isso expulsaram os cambodjanos das cidades, escravizando-os e submetendo-os a trabalho árduo, mais de 12 horas por dia, muitas vezes alimentados apenas a água de arroz. Mulheres, crianças, idosos e doentes também eram submetidos à escravidão. Como se não bastasse, os Khmer Rouge foram responsáveis pelo assassínio de 2 milhões de cambodjanos, que eram julgados e torturados até à morte, por manifestarem sinais de "intelectualidade" ou de "educação", como por exemplo usar óculos graduados, ser professor ou saber falar uma língua estrangeira.

Mesmo sabendo dos factos históricos, ver todas as provas de tortura na prisão Tuol Sleng, mais conhecida como S-21, ou ver as caveiras e os campos onde eram executados, nos Killing Fields, deixou-nos completamente de braços caídos. Saber ainda que foi há tão pouco tempo e que terminou em 1979 graças à invasão dos vietnamitas que "salvaram" os cambodjanos do massacre, e que mesmo assim, a maioria dos responsáveis por este genocídio ainda permanecem em julgamento, deixou-nos incomodados. E depois, saímos à rua e somos convidados com sorrisos tão fáceis e sinceros que mais parecem vir de quem tem uma grande capacidade em perdoar o passado e seguir em frente.

Nós estávamos no Cambodja quando ouvimos nas notícias que os 4 elementos dos Khmer Rouge que restavam iriam finalmente ser julgados. Como é que é possível 2 milhões de pessoas serem assassinadas e o Mundo deixá-los à solta, a viverem até caírem de velhinhos? Como é que é possível esquecer e passar ao lado de pessoas que perderam familiares e amigos?

Deixamo-vos as fotos, que podem afectar a sensibilidade dos corações humanos.     


Registos fotográficos das vítimas antes de serem executadas.
O monumento em homenagem às vítimas.
Nesta árvore penduravam uma coluna de som que tocava música bem alto para abafar os sons das execuções.
As valas comuns onde eram depositados os corpos.

Quem quiser saber mais pode ler em inglês...


A prisão S-21 que antes era uma escola.

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