sexta-feira, 25 de novembro de 2011

The Deserted Valley

À beira do lago.
 Cães depilados e sem patas estendidos numa bancada para venda: foi desta forma dura e chocante que Hanói, a capital do Vietname, nos deu as Boas Vindas.
- If you want to eat dog in Hanói, just look at the right side of the menu. You will see that the most expensive is dog for sure!

Impossível. Há uma barreira emocional que nos trava e impede de sermos corajosos estilo Bear Grylls em que vão larvas, vão gafanhotos e até vai cão. Não que tenhamos um carinho especial por larvas... a razão aí prende-se mais com o "lharc..só de imaginar perco o apetite!", mas os cães... não dá. Por mais que queiramos absorver a cultura dos países que visitamos, há limites para a nossa vontade e coragem. O máximo que conseguimos ultrapassar foi cobra, porco espinho e rã. Sabem todos a uma espécie de "entrecarnedegalinhaepeixe", a cobra tem um pouco de espinhas a mais para mim, apesar do Pedro ter gostado muito, o porco espinho parece pastilha elástica e a rã foi o melhorzinho que comemos. Mesmo assim, pensamos não incluir na nossa dieta quotidiana.

Vende-se carne de cão.
Restaurante local com as famosas mesas e cadeiras minúsculas.
Em Hanói era necessário tirarmos o visto para a China. A imperial e temida China. A China que é selectiva, que não deixa entrar toda a gente: a China elitista. A China que nos iria pedir detalhes de todo o nosso trajecto, bem como confirmações de hotel/voos/comboio dos sítios onde iríamos passar e ficar: a China Big Brother is watching you. A China que quer aliciar turistas e apela à sua visita, para depois os rejeitar frivolamente: a China femme fatale. Eram tantas as estórias que líamos e nos eram contadas pelos viajantes sobre como obter vistos na China, que de repente nos vimos invadidos por uma reverência e receio próprios de quem desconhece o desconhecido e é amedrontado por mitos urbanos. No Hotel pediam-nos uma exorbitância de dinheiro: 80 dólares para garantir o visto e 6 dias de espera. Torcemos o nariz: normalmente as estórias são sempre mais exacerbadas que a realidade. Resolvemos ir à embaixada da China. Estranhos os horários das embaixadas: abrem às 9h, fecham às 11h, reabrem às 15h e voltam a encerrar às 17h. Quando entramos entregam-nos um papel que confirmava todos os mitos que já sabíamos: eram necessários comprovativos de todos os sítios onde iríamos passar e ficar na China! Mas eis que entretanto o Pedro resolve perguntar o que precisávamos para pedir o visto. Quando nos perguntam o país de origem e respondemos Portugal, dizem-nos apenas que precisamos de preencher uns papéis com toda a informação e mais alguma: nomes dos pais, profissão dos pais, blá blá blá, Big Brother is watching you again, mas não precisaríamos dos tão temidos comprovativos que não tínhamos. Falamos com a sra da embaixada que nos diz que em princípio não iria haver problema para o nosso país e que se houvesse, contactar-nos-ia mais tarde. O telefone nesse dia não tocou e ficámos tão felizes por saber que a femme fatale afinal, iria-nos receber. Assim, por 30 dólares, conseguimos um visto para 30 dias! No dia em que fomos buscar os passaportes, conhecemos uma sra espanhola que está a viajar pelo Mundo, e a sua filha, que a tinha ido visitar de férias, que nos contavam que só tinham conseguido visto para 6 dias e não sabiam a razão! A China é assim, não tem explicação.

O Pedro, a Marta e a Maité.
 De seguida fomos os 4 visitar o túmulo de Ho Chi Min, o tão venerado ídolo vietnamita. A Sara e o Edu já tinham partilhado connosco a sua experiência: para ver o ídolo mumificado, não se podem tirar fotografias, não se pode rir, não se pode falar, tem de se andar em passos não rápidos mas também não muito lentos e nada de ombros ou pernas à mostra, ou não vá o sr resuscitar da mumificação! Estávamos curiosos com o protocolo, e era a segunda vez que o tentávamos visitar. Chegando lá, soubemos que estava encerrado mais uma vez, desta vez por ser segunda-feira... a primeira era porque passava das 11h da manhã. Entretanto o céu brinda-nos com uma chuva torrencial que alagou Hanói por completo e tivemos de nos refugiar num restaurante próximo.

Hanói alagada.
Hanói alagada I.
Mas o melhor de Hanói estava por chegar. Sentados na esplanada perto do lago, colocam-nos um folheto informativo da Cinemateca em cima da mesa. A Sara e o Edu já nos tinham falado disso. Era o festival de cinema sobre o Vietname que estava a decorrer em Julho e Agosto. Marcámos cinema para esse final de tarde. A Cinemateca fica situada num beco um pouco difícil de encontrar, mas vale a pena o esforço. Tem um pátio com um restaurante e posters de filmes alusivos ao festival pendurados pelas paredes. É um sítio muito agradável e convidativo. O filme que fomos ver chama-se "The Deserted Valley" e passa-se em Sapa, uma região montanhosa povoada por várias tribos que existe no noroeste do Vietname e que iríamos visitar a seguir a Hanói. A realização é de um vietnamita e o filme foi galardoado com prémios em dois festivais internacionais. A estória é simples e apaixonante. Aconselhamos a todos a verem este filme! A curiosidade para conhecer Sapa aumentou após termos visto o filme.
Cinemateca.
The Deserted Valley - Thung lung hoang vang (título original).
Outro dos filmes do festival: Indochina.
Cinemateca I.

Sala quase vazia e à nossa frente senta-se uma rapariga com 2 m de altura incluindo a rasta!
Restaurante da Cinemateca.
Ta Ty, O efeito do álcool - 1951. Museum of Fine Arts.
Hoàng Lâp Ngôn, Young girl - 1954. Museum of Fine Arts.
A linha do comboio passa no meio da cidade.
Monumento onde está o túmulo de Ho Chi Min.
Bia Hà Nôi.

Jardim.
Entrada do Templo de Literatura.
NoTemplo de Literatura onde se situa a universidade mais antiga do Vietname.
Templo vietnamita.
Vendedora de Balões.
Hanói.
Para as princesas-
Chapéus vietnamitas.

1 comentário:

  1. Sempre a deliciar-me com a vossa aventura....oh pá acho que mesmo quem não tem uma grande paixão pela descoberta fica aliciado, quanto mais eu...que amava dar a volta ao mundo em 1080 dias :) Mas tenho muitas saudades :) quando regressarem encontramo-nos em Lisboa :) SIM!!! vou-me mudar para lá e ser vossa vizinha!!! uhuh!! muita novidade e muita curiosidade de ouvir pela vossa voz as 1001 estórias, em jantares regados com muita alegria, comida e sangria :) beijo beijo*

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