quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Karaoke na terra do Uncle Ho

A ler o jornal no café.
Uncle Ho, diminutivo de Ho Chi Min, é o deus dos Vietnamitas. Compete com o Buda em termos de respeito, admiração e veneração. Por isso Saigão, a antiga capital do Vietname, passou a denominar-se Ho Chi Minh, em homenagem ao salvador do Vietname.
Se olharmos para a história deste país é fácil de entender: foram sempre invadidos pelos países vizinhos, principalmente a inabalável e imperial China, pela Mongólia, pelo Cambodja, Japão,..., e pela colonizadora França. No princípio do ano domini estiveram praticamente os primeiros 1000 anos sob o domínio da China. Entre 1859 e 1885 conquistas militares francesas anexaram o país inteiro à Indochina Francesa. Durante o domínio da França, implementou-se um sistema moderno de educação ocidental e promoveu-se o catolicismo românico. Ainda hoje se vêem igrejas católicas espalhadas pelo país que servem uma minoria cristâ.

Poster de propaganda anti-guerra.
Propaganda anti-guerra do Vietnam
Como em quase todos os países colonizados, durante a II Guerra Mundial, começaram a insurgir movimentos políticos revolucionários que exigiam a independência dos países colonizadores. No Vietname, em 1941, surgiu o movimento Viet Minh - movimento de libertação comunista e nacionalista - liderado por Ho Chi Minh que aspirava independência da França e oposição à invasão japonesa. Esta última foi responsável por um período de fome que causou a morte de 2 milhões de pessoas em 1945. Com a derrota do Japão, o Viet Minh ocupou Hanoi e proclamou um governo provisório que assegurou a independência do país. No entanto, a França continuava resistente a devolver o país à sua autonomia, desencadeando a Primeira Guerra da Indochina que durou até 20 de Julho de 1954, quando foi assinada a Conferência de Geneva, que separou o país em Norte e Sul. O partido comunista Viet Minh ocupava o Norte (apoiado pelos Vietcongs pró-comunistas do Sul e outros partidos comunistas vizinhos) enquanto o Sul era administrado pelo partido República do Vietname, liderado por Ngo Dinh Diem e apoiado por países anti-comunistas, como os EUA. A conferência de Geneva acordava eleições em 1956, mas os partidos recusaram, desencadeando a Guerra do Vietname entre Norte e Sul. Durante a Guerra que durou quase 20 anos, milhões de civis foram assassinados. O Vietname do Norte atacou o Sul através do caminho que ficou conhecido como Ho Chi Minh trail, nos países vizinhos Laos e Cambodja. Por isso, os EUA sob o comando do presidente Nixon, bombardearam estes países massivamente matando milhares de civis e deixando um legado mortífero que ainda hoje permanece. Não se pode sair dos caminhos já pisados no Laos e no Cambodja. Fazer trekking fora de trilho é impensável, correndo-se o risco de morrer ou ficar sem membros.
2 jovens a "brincar" à televisão.
Jovem Vietnamita.
  Mas falemos de Saigão, mais fácil de pronunciar do que Ho Chi Minh. Mais populosa que a própria capital, Hanoi, Saigão consegue ultrapassar esta última em vida e charme. Saigão é uma confusão de ruídos e actividade, como quase todas as metrópoles vietnamitas. Atravessar a estrada no Vietname, é uma aventura. O guia recomendava começar a atravessar sem hesitar, ir em passos lentos, sem correr. E funciona! Se esperarmos que os vietnamitas parem para nos deixar passar, bem podemos esperar sentados. Temos de nos meter à frente deles, na estrada. E a verdade é que todos se vão desviando com uma grande descontracção do nosso caminho! É incrível como contornam todos os obstáculos, mesmo que para isso seja necessário andarem nas suas motas em cima dos passeios.

Os vietnamitas adoram "viver nas ruas". As suas casas são muito pequenas, de modo que montam a barraquinha à porta e quase todos têm sempre alguma coisa para vender. As portas das suas casas estão sempre abertas e expostas aos olhares mais voyeuristas. Mesmo que queiramos ser discretos, a curiosidade é sempre vencida pela exposição indiscreta. Pessoas deitadas com as motas estacionadas ao lado, outras deitadas nos sofás a devorarem as novelas, outros a almoçarem, enquanto outros simplesmente estão. Todas as manhãs saímos da guest house em direcção à casa da srª que nos servia um café delicioso e que nos ensinou como pedir o café preto e o iced coffee em vietnamita. Vaguear pelas ruas estreitas, voyeuristas e labirínticas do bairro onde estávamos enchia-nos a alma de vida.
A Srª do café matinal.
Uma das "barraquinhas" de venda.













Templo Chinês.
Foi em Saigão que reencontrámos a Lena, uma companheira russa de couchsurfing que havíamos conhecido em Phnom Penh. Marcámos encontro com mais 3 couchsurfers vietnamitas e fomos os 3 nas suas motas comer a um restaurante típico que estava cheio de jovens. A comida no Vietname é muito variada (têm cerca de 800 pratos diferentes) e muito saborosa. É bastante saudável, apetitoso e barato comer nas ruas, onde todos comem na maioria das vezes. Depois de jantarmos uma espécie de sopa com carne de borrego e vegetais, fomos a um dos muitos karaokes espalhados pela cidade! O conceito de karaoke aqui nos países asiáticos é diferente do nosso: há salas privadas para que ninguém se envergonhe de soltar as suas cordas vocais em frente de pessoas que não se conhece. Assim, as salas estão cheias de grupos de amigos onde fazem os seus concertos pela noite fora! Nós.... fizemos o nosso!

O Kha Le, a Lena e o Pedro.

A Tran, a Cláudia e a Nguyen.
O Pedrinho no seu melhor agudo.
"-Ai que não consigo acompanhar isto!"
Rãs sem a pele prontas para vender.
A pose e o "V" de vitória que nunca falha.
Jardim.

Comemoração de graduação de jovens estudantes.
Um dos muitos placards de propaganda comunista.
Water puppet show.
Ho Chi Minh.
Vendedora de rua.
A rezar.
Templo Chinês.
Ho Chi Minh.
Baixa.
Restaurante chinês.
Restaurante à beira-rio.
Avenida em Ho Chi Minh.
Entrada de um templo chinês.
Praying papers - Templo Chinês.
Acender velas.
Spring-rolls deliciosos.
A dormir na rua.


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