domingo, 20 de maio de 2012

Yangon, Yangon



Pagoda de Shwedagon.
Myanmar era o país preferido que saía da boca dos viajantes que íamos conhecendo no caminho. Todos nos relatavam que fora o país onde as pessoas eram mais simpáticas e amistosas. Estávamos muito curiosos por conhecer um país tão adorado e ao mesmo tempo tão controverso nas suas ideologias políticas e sociais.

Esperávamos um povo genuíno mas castrado nas suas aspirações de vida. Mal entramos num táxi a caminho do centro de Yangon, o telemóvel do taxista começa a tocar a estrela mais popular do Mundo capaz de derrubar quaisquer barreiras à liberdade de expressão: a Lady Gaga. Atende e com a outra mão conduz o volante que está do lado direito (carro antigo que restou da ocupação inglesa), dirigindo na faixa direita da estrada! Nem queríamos acreditar, o governo alterou a forma de conduzir à "inglesa", mas os carros "ingleses" mantiveram-se!

Chapéu de bananas.
Jantar na rua, que delícia!
Pequeno-almoço do Hostel.
Yangon à noite mal se vê. A electricidade é escassa nas ruas porque é bastante cara e o governo militar apenas usa e abusa dela na área da nova capital: Naypyidaw. Todo o resto do país permanece na sombra, enquanto a capital parece uma cidade na altura do Natal. A mudança do nome do país de Burma para Myanmar, da cidade de Rangon para Yangon e da capital oficial de Yangon para Naypyidaw, declaram a vontade do governo em esquecer anos de colonização britânica.
Andaimes muito originais.
Yangon é intensa e tolerante: é habitada por uma miscelânea de etnias: hindus, budistas, islâmicos e cristãos. Yangon é suja e muitos homens e mulheres mascam um tabaco com especiarias à mistura embrulhados numa folha de uma planta (betel nut), que se fixa nos dentes e nos cantos da rua com uma cor de laranja tijolo. Ficámos na dúvida sobre qual o que menos preferíamos assistir: a uma cuspidela de boca cheia e alaranjada em Myanmar, ou a uma "escarradela" bem sonora e direccionada na China. Bom bom era não a assistir a nenhum. Valha-nos o poder da meditação para nos concentrarmos noutras características, bem mais positivas e aprazíveis.

Yangon é decadente, mas tem piada. Para quem vem do luxo da China, Macau e Hong Kong, chega a Yangon e quase que tem uma apoplexia querosiana. Mas depois de se estranhar, entranha-se, e começamos a gostar do choque cultural tão peculiar e único.

Yangon é sorridente: sorrisos genuínos de cor laranja tijolo e brancos em caras maquilhadas com thanaka (uma base amarelada para proteger do sol e conferir um aspecto mate à pele oleosa). Yangon é exigente e picuinhas: se a nota de dólar tiver um "vinquinho", uma "manchinha", uma "sujidadezinha", um número de série que não seja boa superstição e que não seja acabada de sair da produção, é rejeitada. Yangon já não é picuinhas na altura de dar: o troco recebido em Kyatts (moeda local) vem em notas velhas, remendadas com fita-cola, cheias de vincos que mais parecem acabadas de sair do lixo, directamente para as nossas mãos.

Yangon é curiosa, provocadora mas logo de seguida tímida: há muito poucos turistas em Myanmar por isso somos perseguidos com olhares expressivos, alguns mais corajosos acenam-nos com um "Hellooooo!!" e quando lhes retribuímos, escondem-se com uma timidez carmesim como quem não acredita que falámos com eles.

Yangon é exclusiva e única e vale muito a pena ver.

Pagoda Sule Paya.

No mercado.
A quantidade de notas trocadas!



Pagoda de Shwedagon.
Volante do lado direito, na faixa direita da estrada!

domingo, 22 de abril de 2012

Voltar a "casa", em Macau


Vestígios da colonização portuguesa.
  "CHEGADAS", em letras garrafais na fronteira de Macau e a calçada portuguesa fez-nos voltar a casa por breves instantes. Só faltava o bacalhau, o café delta e família para ficar completo. E claro, a companhia dos nossos amigos! Em Macau já tínhamos a Ana e o Dinis que nos iriam receber em sua casa para longas conversas em português.


Primeiro monumento após a fronteira.

Como combinado já nos esperavam à porta de sua casa, na Taipa, do outro lado do rio, com uma vista magnifica para uma cidade iluminada pelo dinheiro dos mais de 20 casinos- hotel que já lá estão preparados para receber milhares de jogadores de todo o Mundo, mas em especial o chinês.

Que bom que era estar com amigos e falar em português outra vez! Partilhámos estórias e eles os seus projectos futuros: iriam sair de Macau, viver para Moçambique ou Brasil, talvez, e no caminho iriam fazer uma viagem semelhante à nossa! Podem ver as suas aventuras no blogue que estão a escrever: http://www.moumantai.org/.



A ponte de Macau.
Correios.

Com a Ana em frente ao novo casino Lisboa.
Interior do novo casino Lisboa.


O Casino de Lisboa antigo.

A Ana já estava a tratar de tudo o que era preciso para enviar para Portugal e nos dias que lá estivemos foi a melhor guia que pudemos ter. Mostrou-nos Macau, levou-nos ao café delta e ao pastel de nata, pedido em português!, mostrou-nos os melhores casinos, os bairros típicos macaenses, levou-nos ao mercado onde vimos galinhas a serem decapitadas ao vivo! O Dinis, dividia-se entre trabalho, últimos preparativos para a despedida e ainda tinha tempo para ser guia e anfitrião!

As noites eram passadas a passear, cartadas, jantaradas e muita conversa com vista para o festival de fogo de artificio que decorria em Macau naquela altura.

Apesar de Portugal ter devolvido Macau à China em 1999, até 2047, há duas línguas oficiais: o português e o cantonês. Por isso os sinais, paragens de autocarro e edifícios importantes apresentam-se escritos nas duas línguas. Andar de autocarro e ouvir a próxima paragem na língua de Camões foi como se fossemos teletransportados para o nosso cantinho à beira mar plantado com a diferença de vermos chineses por todo o lado. Como se fôssemos estrangeiros no nosso próprio país. É claro que não é a mesma coisa.. Mas a hospitalidade com que nos receberam, o que vimos e o que saboreámos permitiu-nos voltar a casa por breves instantes, carregando as baterias para o próximo destino: a Myanmar de que tanta gente bem falava.



Caravela, a pastelaria dos nossos pequenos-almoços!
Comidinha portuguesa!!
A bica! Elemento raro na outra China!
A almoçar com a Ana e o Dinis, comida portuguesa.
Cantonês e Português.
As casas com grades como bem dizia os livros de "Uma Aventura".
O Whynn, um dos casinos mais bonitos de Macau.
O aquário de alforrecas que tem direito a um trabalhador exclusivamente dedicado à sua manutenção.
Interior do casino Wynn.
Interior do casino Whynn.

Ruínas de São Paulo.

Na praia em Coloane.
Na Taipa.
Interiores do Venetian.
Próxima paragem em Português!
No mercado, com direito a ver galinhas acabadas de irem à faca!
O fogo de artifício visto da casa da Ana e do Dinis.

A petiscar em Coloane.

No largo do Senado.
Igreja de São Domingos.
Largo do Senado I.

Café pingado e rabanada! Nem queria acreditar...
A primeira aposta em corrida de cavalos! Adorámos!
No jardim de Camões.
A experimentar a sorte!
A despedida :) Obrigada por nos fazerem sentir em casa!