terça-feira, 28 de junho de 2011

Riders on the storm

Quando nos falaram em Banguecoque que havia uma estrada no norte da Tailândia famosa entre os motociclistas, decidimos imediatamente que era assim que queríamos conhecer as pequenas povoações que ficavam nas imediações de Chiang Mai.

O ritual da reza budista.
A pedalar por Chiang Mai.
O percurso tem o nome de Mae Hong Son loop. Ao longo de 750 Km de estradas de montanha, passa por várias localidades como Pai, Mae Hong Son e vários lugarejos e aldeias de tribos étnicas que ainda vivem de forma muito simples, da agricultura (do arroz especialmente) e do artesanato e produção de tecidos e roupas que produzem também para venda nos mercados próximos. Também conhecida como a estrada das 1864 curvas, este caminho quase sem trânsito, à excepção de umas ocasionais motas e carrinhas tipo pick-up, serpenteia por entre montanhas e vales do noroeste da Tailândia, por vezes muito próximo da vizinha Myanmar, e deslumbra a todo o instante os que o percorrem com vistas magnificas de montanhas graniticas, de vales verdejantes e arrozais sem fim, culturas em socalcos, aldeias cheias de animais e crianças brincando e passeando na rua, cascatas imensas e grutas de kms de extensão.

Perante uma viagem tão prometedora decidimos escolher uma máquina que estivesse de acordo com o ritmo de passeio que queríamos tomar, e nada nos pareceu melhor que uma"Chopper" (estilo Harley-Davidson!). Foi assim que saímos da loja do "Mr. Mechanic" numa Honda Shadow 250c.c., malas atadas na bagageira, capacetes e óculos escuros, sentindo-nos uns verdadeiros motards!

A nossa companheira de estrada.
Montados na Phantom estávamos felizes com os cabelos ao vento. O capacete, meio lasso, também balouçava com o vento, e em frente, a estrada das 1800 curvas prometia uma viagem digna de filme com banda sonora.

Check-up time.
Vêm lá as curvas :)

Descanso na Phantom.
O motard :) Depois desta, não vai haver concentração em Faro que falte!
 Depois de Pai, uma vila hippie rastafari bem pitoresca, carregada de good vibe, cafézinhos e restaurantes deliciosamente bem decorados, mas simples, promovendo a reciclagem, a protecção do ambiente, o veganismo e a ingestão da wheat-grass: a fórmula mágica para desintoxicar o corpo, seguimos para Mae-Hong-Son.

Wheat-grass: chá purificante em Pai
"Good Life" Café em Pai
Pai é assim, com muitas iluminações durante a noite
Música ao vivo no restaurante da guest house.
A guest house onde ficámos. Muito bonita a preço reduzido!
O caminho para o nosso bungalow
O amor encontra sempre o caminho
Pequeno-almoço em Pai
All about coffee" café, Pai
A preparar a próxima viagem.
A meio do caminho um desvio, uma gruta que o Tanut tinha partilhado connosco: a Tham Lot. Lá seguimos, chegámos, comprámos o bilhete e nisto, aproxima-se uma senhora, de meia-idade, meia-nativa com uma candeia a petróleo na mão. No Norte da Tailândia as pessoas são mais nativas, vestem-se com indumentária das tribos, muito colorida por sinal. Seguimo-la. Anda com passos lentos, mas sempre contínuos, muito determinados. À entrada da gruta, acende a candeia. Vai à frente na jangada, porque assim, "alumia duas vezes". Os gritos dos morcegos e o seu esvoaçar frenético de dentro para fora e de fora para dentro da gruta, captam a nossa atenção.

À entrada da gruta
"Candeia que vai à frente..."
1ª gruta, no meio da escuridão, a candeia consegue iluminar bastante bem as estalactites e as formações rochosas polidas pela água. De repente, uma senhora que apenas falava com os olhos, começa a exprimir-se com palavras:"- Look like KinKoh!"
"- What?"
"- KinKoh!"
"- Ah pois é!! O King-Kong, é isso, ali, vês, o focinho do macaco?"
"- Não.. O quê? Assim tão comprido? Parece mais um lagarto..."
"- Oh, yeah, yeah... King Kong!"
Mais à frente:
"- Look like clock."
"- What?"
"- Clock"
"- Oh! Croc! Crocodile, yeah yeah....."
3 passos, a candeia elumia uma formação rochosa:
"- Look like log."
"- What?"
"- Log"
"- Log? What is that?"
"- Auf! Auf!"
"- Ohhhh, Dog!! Yeah Yeahhh :)"
2ª gruta:
"- Look like pop-coln!"
"- Pop-corn, yeah yeah :)"
"- Look like chnake"
"- Oh yeah, snake, yeah"
4 passos:
"- Look like %#$#""
"- Ohhhh.... yeah yeah... :)))"

Seguindo viagem...

Vrrrumm.. vrrrummm...

As famosas "limestones", as rochas calcárias são de tirar a respiração.
Beautifull landscape.
Parámos para beber uma água, o sr muito simpático ofereceu-nos um chá, banana e feijões de soja torrados.

Conhecemos uma italiana que sabia falar português brasileiro
Prosseguimos a queimar o asfalto, em direccção a uma cascata que o sr. do chá nos tinha aconselhado. Já era tarde, andávamos a kms lentos, a preguiça apodera-se de nós de vez em quando!

A caminho da Cascata Mae Surin, parámos num campo de girassóis. Neste sítio, pára outra mota com dois alemães. Eram 5h da tarde e ainda não tínhamos chegado à cascata. Também não sabíamos onde dormir. Os alemães estão na mesma situação que nós!! Resolvemos juntar-nos, ponto de encontro no parque natural dali a uns poucos minutos.

Muito gostam as vaquinhas de se deitar no asfalto
Water Buffalos.
Na Tailândia, encontram-se cascatas por todo o lado! Qualquer zona tem um infindável número de cascatas. Nunca mais me hei-de esquecer quando percorri 1h a pé para ver um fiozinho de água a correr de uma altura de 5 metros... mas valeu a pena o trekking :) À entrada do parque natural, um guarda cambaleia na nossa direcção e quando diz o preço, a conviccção é tanta que até sentimos o bafo a etanol. Os alemães chegam, tentam regatear um preço mais acessível porque não tinham dinheiro suficiente, mas o guarda não baixou as armas. "Está ébrio mas não é parvo!", pensámos nós. Tomara muita gente ser tão lúcida quando o corpo o deixa de ser. Com gestos um pouco circenses, tenta-nos mimetizar o que não devemos fazer. Aponta para o lado: "There!", "No, No, No!!" e entretanto simula um salto. Ficamos os 4 a olhar para o Baco que havia nele, até que percebemos! Deve haver uma vedação... e é para não saltarmos! "Oh yeah yeah yeah.." Após a cascata seguimos para a cidade mais próxima para passarmos a noite.

Cascata Mae surin
Havia uma ambiguidade nos nossos interesses que lá acabámos por desempatar. Por um lado, queríamos conhecer as tribos, como as tão famosas "Long Neck", as mulheres birmanesas que vão acrescentando colares à volta do pescoço à medida que crescem, até ficarem com pescoços enormes. Mas por outro, tínhamos lido que muitas eram refugiadas que permaneciam em "cativeiro", segundo ordens das autoridades tailandesas. Não podiam sair dali, liberdade era uma palavra que não existia no seu vocabulário. Figuravam naquelas tribos, como seres para demonstração, como se fosse um zoo humano. Queríamos conhecer essas tribos, mas não queríamos compactuar com a castração autoritária de liberdade e outros direitos humanos. Decidimos não ir. E hoje não nos arrependemos. Muitos turistas que fomos conhecendo no caminho disseram-nos que era decadente observá-las, tal como se estivessem numa montra e que tudo o que faziam não era natural... era para agradar aos turistas. Assim, seguimos caminho e resolvemos ir a uma vila tradicional onde mantêm os costumes artesanais, como a tecelagem.

Tecelagem, parece muito complicado!

De volta a Chiang Mai, as curvas ainda pairavam nas nossas cabeças embriagando-nos com o seu esplendor. Recomendamos de capecete na cabeça, a quem goste de se sentir livre com uma pseudo-harley na mão. Não anda muito, mas é o suficiente para quem gosta de absorver a paisagem magnífica sem se preocupar com "sentir o asfalto"!
A chegada!

terça-feira, 21 de junho de 2011

"Chefs" por um dia em Chiang Mai

Foi com alguma pena que nos despedimos do Tanut e de Bangkok - pois foi a primeira experiência em couchsurfing e não podia ter corrido melhor - por outro lado o ritmo e confusão próprios das grandes cidades já nos começava a apanhar e o espírito já pedia destinos mais calmos.
O próximo ponto no mapa da nossa viagem ficava bem a Norte, a uns 750Km de BKK. Aconselharam-nos o comboio, que era mais divertido que o autocarro, pois tem um vagão restaurante onde se juntam viajantes e por vezes se faz a festa pela noite fora.
No final o dito vagão restaurante fechou 1h30 depois do comboio partir (atrasado) e 14 horas depois chegávamos... a Lamphun a 150Km do nosso destino. Mais 2 horas de autocarro!!! E mais duas à espera do dito.
Por fim chegámos. O Pedro a querer ir a pé para o centro sem saber que direcção tomar, a Cláudia já não queria saber senão de chegar a uma guest house... Pergunta aqui, pergunta ali, fomos andando às apalpadelas até que um simpático inglês falante Sr. nos viu com ar atrapalhado a olhar para o mapa e nos apontou a direcção certa: "São cerca de 2Km a andar."
Dissemos "Chega." e gritámos: "Táxi!!!"
Chiang Mai é a segunda maior cidade da Tailândia, fica enquadrada num cenário natural bonito, rodeada por grandes montanhas, e tem uma dimensão e população sensivelmente idêntica à de Lisboa. O centro da cidade, em forma de um quadrado está bem delineado por um canal a toda a volta e é pacato e simpático, sem grandes avenidas ou edifícios altos, o que lhe dá uma dimensão mais humana e simpática para percorrer sem pressas ou pedalar à descoberta de um restaurante ou cantinho simpático. De resto, tal como quase todas as cidades asiáticas onde estivemos até agora, tem um mercado nocturno e a avenida principal fecha aos fins-de-semana à noite e transforma-se em Rua pedonal onde se instalam vendedores de tudo e mais alguma coisa e barraquinhas onde se pode comer desde larvas e grilos fritos e grelhados a deliciosos sumos de fruta.
Agências de turismo e todas as guest houses propõem uma panóplia de actividades: Passeios de elefante, trekking de 1 a vários dias pelas montanhas, visitas às tribos de minorias étnicas que vivem em aldeias próximas, cursos de culinária, ver os tigres, safaris nocturnos para ver a vida selvagem, e por aí fora.
A nós agradava-nos a ideia de aprender alguns dos segredos da cozinha tailandesa e decidimo-nos por um curso de um dia numa quinta biológica um pouco afastada da cidade.
Depois de uma visita ao mercado e à horta da quinta, onde a nossa simpática guia/professora Nut nos mostrou os principais ingredientes utilizados na confecção dos (deliciosos) pratos tailandeses, metemos a mão na massa e cozinhámos durante horas, sob orientação da Nut que nos dizia a cada instante: "Stir, stir, stir and smile, smile, smile!"
Depois de tudo cozinhado e comido ficámos de barriga a rebentar a falar e a conhecer um pouco melhor a nossa anfitriã que nos contou que estava de coração destroçado pois o seu namorado "Falang" tinha terminado a relação pois dizia que trabalhava demais e não tinha tempo para estar com ele. Resultado: em menos de nada escreveu no seu caderno uma colecção de impropérios para lhe dizer mais tarde em todas as línguas dos que estavam ali presentes! E não eram poucas as nacionalidades representadas no grupo!
Foi um fartote de rir.


O Comboio BKK - Chiang Mai parado em nenhures-de-cima.

Bebé adormecido.
Família adormecida.

Bela adormecida.

Arroz para todos os gostos.

Condimentos asiáticos.

Mercado

"Hum... acho que me passou a fome!"

"Olhá larva fresquinha! Olhó gafanhoto estaladiço! É tudo a 5 freguês!"

Tudo a postos para por a mão na pasta... de caril!

"Não, ainda não estamos no México! Vamos à horta e está solinho!"

Nut, malandra, a explicar que as bananas tailandesas são todas deste tamanho.

Quem adivinhar qual é o mais picante pode provar um!

Num sítio destes qualquer um tem vontade de cozinhar!

Yellow curry, anyone?

Green curry, para os amantes de comida mais "spicy".

Chicken with holly basil (ou galinha com manjericão), uma especialidade by Cláudia.

Phat Thai by Chef Pedro.

Os discípulos e a mestre.

"Espera só até veres a cara dele quando lhe disseres isto!"