sábado, 6 de agosto de 2011

As 4000 Ilhas

A viagem com o milho durante as 14 horas deixou-nos mais farinha que pipoca, mas tínhamos uma estória para contar :) Olhando para trás mesmo com olhos de sono, dava-nos vontade de rir. O Pedro no final da viagem, já era "amigo" do pica que não o largava e só lhe dava abraços! Nós ríamo-nos a vê-lo com cara de quem diz "Sim, sim, és muito simpático, mas não te estiques aí com o toque!"

Chegámos à ilha maior e decidimos ir para a ilha mais pequena - Don Det. O Lonely planet advertia que a ilha maior não tem muitas infraestruturas e uns ingleses que conhecemos durante a viagem, alertaram-nos: "Don´t go there! There's nothing there, is dead!" Torcemos um pouco o nariz, porque sabemos que os anglicanos gostam é de borga, mas... 30 minutos de autocarro pela ilha foi suficiente para perceber que eles tinham razão. Após um regateio difícil com o único condutor/monopólio de um barco que se arrastou por uma hora, lá seguimos rumo à Don Det. Passados 15 minutos o barco encostou à doca para atestar. Olhamos para uma bandeira asteada na ilha e percebemos que estávamos no Cambodja clandestinos e sem visto! Viajar pelo Mekong é sempre especial. Já tinhamos experimentado quando chegámos a Luang Prabang após dois dias de viagem pelo rio. A paisagem é única: ilhas, ilhotas e bocados de vegetação no meio de um rio acastanhado café com leite.


O Mekong e as ilhotas.
No barco monopólio a caminho!
Watching the view...
Não demorou muito até encontrarmos 3 cabanas à beira rio ao preço da chuva que vinha mais tarde para nos dar as Boas Vindas. A ilha estava praticamente vazia, com poucos turistas que confirmavam ser época baixa. Os locais mostravam uma antipatia peculiar, mas não foram suficientes para destronarmos o Laos do top dos países que mais adorámos na viagem até agora.

As cabanas.
No dia seguinte decidimos ir todos fazer caiaque e ir ver os golfinhos "Irrawady", uma espécie em vias de extinção. Um casal americano que anda a viajar há um ano pelo Mundo juntou-se ao nosso grupo. No programa do tour primeiro figurava que iríamos ter um briefing sobre "como andar de caiaque" e depois os locais que iríamos visitar. Qual o nosso espanto quando nos apercebemos que o briefing se baseou num apontar do dedo para o caiaque, como quem diz "OK, podem ir para o caiaque e remar!" Remo a remo, fomos seguindo pelo rio que não tinha muitas correntes e parecia fácil. O Pedro e os outros rapazes pediam os rápidos, o guia, respondia que não, porque era "dangerous" e pedia-nos cerveja!

Caiaqui boy.
O resto da malta a remar.
Caiaqui girl.
Fomos a uma cascata que tinha um sistema de pesca bastante diferente do que vimos até agora: uma rampa, feita de bambu, presa num rápido, para o peixe ficar preso quando estivesse a ir na corrente. Caminhámos durante uma meia hora pela ilha. No caminho, o guia arranca umas folhas da berma da estrada, esmaga na mão e mostra-nos a tinta vermelha que começa a sair da planta! Eu e a Sofia ficamos histéricas: batôn natural! O Pedro junta-se a nós mas faz riscas no rosto à índio em vez de batôn.

A cascata.
A rampa de pesca.
O batôn natural!

Seguimos para os golfinhos. Atravessamos mais uma vez a fronteira e almoçamos no Cambodja. Começa a chover e nada de golfinhos. Entretanto o guia aponta e diz "Dolphin!" e ninguém chega a tempo de ver a barbatana fora de água. Esperamos mais um pouco e nada... começamos a desconfiar. O guia desafia-nos "If you see dolphin, you buy beer for me!" Pensamos: "Pois, pois, só queres cerveja e golfinhos que é bom, nada" mas entretanto, vislumbramos umas barbatanas fora de água e quase que gritamos de felicidade enquanto o Pedro e o Chintan olham para nós com ar de quem não viu nem golfinho nem cerveja. Passado um pouco, os golfinhos resolveram conceder o desejo ao guia e, orgulhosos pelo poder de atrairem tantos turistas, vinham ao de cima para respirar. Claro que apenas vimos barbatanas e não saltos como o "Flipper", mas já nos tinham avisado para não criarmos expectativas de Zoomarine natural.

Os golfinhos Irrawady! Não foi esta imagem que vimos, mas bem que poderia ter sido :) Reparem na diferença do focinho em relação às espécies mais comuns.

No final do dia, após tantos pedidos e porque queríamos de facto dar uma gorjeta aos guias que eram bastante simpáticos, oferecemos umas cervejas e brindámos aos países de cada um: ao Laos, à Índia, à América, à Argentina e...
"Where you fom?"
"Portugal!"
"Ohh..." com cara de quem não faz a mínima ideia que é um país sequer.
"Ronaldo! Yeah? Football player."
"Oh yeah! Ronaldo! Portugal!".
Nunca gostei tanto do Ronaldo como gosto agora.
Ainda bem que ele nos faz aparecer no mapa.

Com a Sofia e o Jochen.
O gato no meio das letras.
Família laosiana humana e felina.
Um gatinho bebé de derreter.
Hora da mama.
Paddle no Mekong.
A carregar a carrinha para voltarmos.
Na carrinha com a Sofia e o Chintan.
Criança a brincar ao jogo "atira o sapato até bater em alguém, se bater, perdes".
Na cascata.
Cabeleireiro Pedrô.
Cabeleireira Claudete.
Passeando por Don Det.
A Sofia e nós, o Mekong e os golfinhos.

2 comentários:

  1. Fantástico!!! Que viagens espectaculares! Adoro ler o vosso blogue! Keep it up!!!

    ResponderEliminar
  2. O pedro está com um ar muito introspectivo no corte de cabelo. Uma nova vocação??? Estou a ver que daqui a nada ficam em Laos indefinidamente. Também me apetece ir, e nunca tinha pensado nessa viagem. Grande abraço e beijinhos

    ResponderEliminar